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Dia destes, participei de um debate proposto por um conjunto de mídias sociais e um grupo de estudos de uma universidade que alterca Viuvez e Filho Único, uma realidade que domina a configuração familiar daquela região. A discussão buscou, minimamente, desvelar o enigma desta relação familiar no tempo de pandemia.
E por falar em relação familiar, temos o objeto de estudo do grupo: a família do filho único com pais que tiveram dois ou mais irmãos, mas geraram só um filho que lhe deu só um neto, por vezes o reizinho.
Reizinho é a criança com TDO, Transtorno Desafiador Opositivo, aquela que nem sempre é modelo de bondade, fino trato, não aprendeu a dividir, cooperar, nem o básico da civilidade. Mimada, individualista, tirana, chantageadora, teimosa, birrenta, tem ciúme dos pais ou avós, vindo a eleger um deles para sustentar seus caprichos.
No debate, entre os participantes, nos intrigou a interação de três viúvos contando suas mazelas. O Ico, 71 anos, 12 anos viúvo, que não consegue refazer sua vida afetiva pelo ciúme e boicote da filha toda vez que tenta envolver-se com alguém. Basta ter uma relação mais próxima para ela não visitá-lo, a neta não ligar nem mandar e-mail, e o genro fazer piada.
A 2ª é Beta, 65 anos, oito anos viúva, reencontrou o primeiro namorado, hoje viúvo. Sua filha, com clara preferência pelo pai falecido, que sempre foi mais mãe do que pai, a chantageia com a memória do vivido em família. Não quer que ela receba o namorado, mude de lugar a cadeira do papai ou descarte roupa e objeto de decoração do defunto, mesmo não morando junto. Beta, em prol da paz familiar, tenta levar as duas relações que lhe são complementares, não excludentes.
O 3º é Tito, 78 anos, nove anos viúvo, um filho e um neto. Conheceu uma colega do filho, mas ele logo se indispôs com ela no trabalho por estar namorando com seu pai. O filho o chantageia alegando que ele dá mais atenção ou prioridade à namorada do que a ele e ao neto, que o seu namoro lhe causa problema emocional e financeiro, em que pese ter um salário invejável. Tito não desiste do namoro.
Entre outros, estes casos nos mostraram que, independente da idade, muita gente não aprende nada nem com a vida, nem com a pandemia, segue excêntrica, egoísta, individualista, indiferente, ocupada só consigo. Não vê que solidão e isolamento matam mais que pandemia, que o vínculo afetivo do namoro faz bem para todos, que pais felizes e acompanhados têm a possibilidade de viverem independentes dos filhos e familiares dando-lhes liberdade para concretizar seus projetos.
Esta discussão nos fez olhar para a cultura da família oriental, europeia, norte-americana, canadense e australiana para ver como dão conta da situação onde pais e avós viúvos logo refazem suas vidas.
Caro leitor, conheces alguém passando por isso?